domingo, 11 de novembro de 2018

ENTREVISTA



A esquerda tem mostrado uma maturidade enorme para engolir sapos.
Preocupa-me a confusão entre os conceitos de ditadura e de democracia estamos
a entrar em regimes híbridos.
Não sou grande adepto de carisma, o problema do carisma é que se cria uma grande
desertificação à sua volta, depois só há o líder.
A política económica liderada pelo capital financeiro não está a aumentar o nível de
desenvolvimento em nenhum país.
Por exemplo, a Petrobras era uma grande empresa, claro que houve corrupção,
mas era bom eliminar a corrupção e manter a empresa.
Mas a empresa está a vender ao desbarato praticamente toda a riqueza do Brasil.
-Estamos a assistir a uma mudança de ciclo regional na América latina?
Penso que não é  regional, a tendência parece-me global estamos num
interregno entre duas globalizações, uma começou em 1989,
com a queda do muro de Berlim e veio até ao dia de hoje, que assentou
grandes níveis de rentabilidade para os EUA.
Com a cooperação satélite da Europa, foi a internet dos computadores
pessoais.
Essa fase está a entrar em crise, os computadores e programas são baratos,
os smartphones cada vez custam menos, a rentabilidade desta inovação
caiu. Quando cai termina a fase da globalização e aumenta a rivalidade entre
os países.
Neste momento estamos a ver quem controla a próxima
globalização...

Boaventura de Sousa Santos
IN
Público 04/11/2018



   

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