domingo, 19 de novembro de 2023

SARA TAVARES 1978 - 2023

 








Por vezes na vida de um artista o mais 
difícil é ser consensual, ter para a grande maioria
dos semelhantes habitantes deste planeta, uma e 
só uma opinião sobre si mesmo, que é partilhada
por todos.
Não conheço ninguém que não gostasse de SARA 
TAVARES, uns pela beleza, outros pela música, e os 
mais próximos dela, pela pessoa e ser humano que era.
A sua obra fica e ficará sempre entre nós, o seu corpo, 
e agora partilho a minha opinião pessoal, foi cedo demais.
Desejo-te paz Sara, " um ponto de luz " que te acompanhe 
sempre.
Mais uma estrela que brilha no céu.  








segunda-feira, 6 de novembro de 2023

A CAMINHO DE ...


 

Era uma sem vez

reservado ser

que pouco tinha de coragem para

dizer presente.

Amava observar, dar a vez,

ajudar

sem querer retribuição

ficando com a balança

desalinhada

as doações pesavam

sempre mais que 

oferendas, mas só se 

vive uma vez 

e se não estivermos

cá para saborear

de que serve andar 

e viver entre os 

outros?

As mãos pequenas 

fortes seguram,

acolhem, esmagam

recolhem e libertam

Vive ...


Pepedrópo 

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

O UNIVERSO NUM GRÃO DE AREIA

 



A fadiga que sentimos

não é do trabalho acumulado,

mas de um quotidiano 

feito de rotina e de vazio.

O que mais cansa não é 

trabalhar muito.

O que mais cansa é viver

pouco.

O que realmente cansa é 

viver sem sonhos.


Mia Couto 

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

DESPERTADOR

 


Que o jovem que fui

Nunca me abandone, no presente

E na velhice.

Saberá o corpo fintar as agruras

Da longevidade?

Dos maus tratos do passado

Ninguém pode dizer que está

Livre ...

Sendo que a maior liberdade é 

Continuar a rir tendo prazer

Nas pequenas coisas

Que completam um balde,

De misturas e experiências.

Ser livre é gozar o vento na cara

O sol na praia, a chuva nas 

Culturas

O amor no 

Coração ...


Pepedrópo

2023

 

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

FORA DE JOGO

 



Leva o teu tempo 

como o rei das marés em cada sete

ou mudança eleva a tua existência, 

só assim merece a pena gastar tinta

na tela ...

Estica bem o pano pois depois de secar

o tempo passar o que era deixará de ser,

e o que foi em tempos coisa fresca,

passará a ser pasta elegante, mas 

estática, até alguém num rasgo

pouco inspirado pintar por cima 

ou rasgar obra já feita ...

E depois ?

Logo verás de que obras te deves 

alimentar, ou simplesmente cagar,

retretes há muitas 

O Artista ...


Pepedrópo

A PIDE E OS INTELECTUAIS


 

Por volta das dezoito horas do dia 

30 de Novembro de 1939, 

três agentes da PSP concretizam a detenção

de Miguel Torga, no consultório que correspondia 

a residência do autor, em Leiria, apreendendo de imediato um 

exemplar do livro " O Quarto Dia " .

Após dar início à instrução do processo crime, 

foi remetido para Lisboa para ser interrogado

pela Polícia Política

ITERROGATÓRIO:

- És então escritor ?

Sou

- E poeta também, pelos vistos ...

Também

- Um tipo formidável ! Medico, escritor, poeta ...

vais longe !

Hei de ir até onde puder.

- Muito me contas ! E queres fazer então a 

revolução social ?

Quero que me deixe em paz .

- Deixo, mas antes vais responder a umas perguntazinhas ...

Não tenho nada a acrescentar às declarações que já fiz .

- Tens ora pensa lá bem ...

ouve eu podia pôr-te a falar como um papagaio,

era só dar-te uma corda, mas não vale a pena.

Temos muito tempo, fica para mais tarde, verás que daqui a alguns dias 

mudas de ideias.

Não mudo não.

- Mudas, mudas ...


Durante o período em que esteve detido

Torga forjou alguns dos seus mais célebres 

poemas de resistência, " Canção " " Claridade ".

A obra que motivou a detenção do escritor apenas voltaria a 

ser editada em 1971, " O Quarto Dia " esteve impedido 

de circular em Portugal 32 anos, e a relação de Miguel

Torga com máquina repressiva foi sempre tensa.

 

Jornal de Letras

JL


# Para quem teima em esquecer, Liberdade sempre ...

Pepedrópo



quinta-feira, 13 de julho de 2023

CONTENTOR 1723

 




Primeira obra do escritor

e começo por este ponto porque, está tão brilhante,

que fácil é duvidar de que da primeira obra se trata.

Este contentor está repleto de sumo, importante para 

melhor respirar, viver, recordar, aconselho a todos os amantes 

de leituras a ler o primeiro filho literário de Fernando Fialho.

A história, a mim, levou-me à terra onde nasci, Angola, 

mais propriamente à sua capital, onde abri os olhos pela 

primeira vez, Luanda.

Senti de novo os cheiros, a azáfama, que é o trânsito na cidade,

a genuína boa gente da terra, os esquemas, os novos escravos, 

de todo e qualquer negócio.

Brilhante, li devagar para melhor mastigar as palavras, as imagens,

os enredos, fui de forma duplamente satisfatória, uma vez que o 

Fernando Fialho, é meu amigo, Nando para os amigos, lendo maravilhado

e com um sorriso de orgulho de quem lê obra de um amigo com vaidade ( é meu

amigo ).

As palavras que de forma sempre insuficientes que aqui deixo, 

são somente de mérito do escritor, e assim é que gosto, tento sempre dizer

a verdade aos amigos, parabéns 

Nando.

Aguardo pela próxima obra com muita espectativa,

PARÁBENS

 

CALMA AINDA NÃO VISTE NADA ...

 




Aqui espero vejo, entre sorrisos e óculos 

De sol e de ver, e quem vê?

De verdade, o movimento a alegria,

Quem corrige a tristeza? De não ser invisual e nada ler ...


Nas caras, nos gestos, nas carícias ou falta delas,

Nas tattoos ou penteados ou cores de cabelo

Natural ou pintado o importante é não parecer peruca, um novelo

Cores impossíveis do natural pelo, pouco importa nesta cultura Chan, de novelas ...


Histórias cada vez mais cansadas, sem o novo,

O brilho de outros tempos espontâneos

Ricos em recriar a vida, as vidas, crânios

A trabalhar para nos emocionar, alegrar o povo ...


E apanhado foi o povo nesta teia

De actores e vidas a fingir

Modelos a tentar representar a ultima ceia

E será falso dizer bravo, é estar a mentir ...


Pepedrópo

2023

 

 


sexta-feira, 16 de junho de 2023

AVENTURA DO AZEITE






Em dia de aniversário, estaria de abalada, ou não 
fosse o contra, golpe, força, o que quiserem 
chamar, tudo foi dificultado no dia estipulado,
como festa, de casal, e partida para a aventura.
O caminhante não se acobarda, nem se encolhe,
aceitou o seu destino, jantou com a família,
beijou os filhos e a mulher e dormiu, no seu
lar mesmo já não sendo suposto.
Ao acordar cedo como é seu apanágio
arruma a loiça da preguiça da noite 
anterior, passeia o seu cão, fuma um cigarro,
e vai comprar pão.
Alimento para os rebentos já grandinhos,
mas apreciadores da marmita do pai,
ou a que este prepara com o mesmo 
carinho do primeiro dia.
Gaiatos na escola hora do 
café da reflecção 
seja lá qual for o estabelecimento,
uns minutos do bom pensar 
ninguém retira ao escritor.

 

 

segunda-feira, 12 de junho de 2023

L. J. SAMUEL

 A diferença, está sempre na atitude.

Ser único  de forma espontânea, é ser 

estrela sem sentir o brilho, sem pesar 

o peso de ser.

Porque já o é, uma vénia à diferença 

que segura a espada 

dos olhares críticos com mestria

e delicadeza.

Andar ou mesmo correr não é difícil,

complicado é ser constante,

na coerência, de se ser, 

quando se é sem palco, 

palmas ou luzes ...

Um campeão ...


Pepedrópo 

2023