TAVARES, uns pela beleza, outros pela música, e os
Era uma sem vez
reservado ser
que pouco tinha de coragem para
dizer presente.
Amava observar, dar a vez,
ajudar
sem querer retribuição
ficando com a balança
desalinhada
as doações pesavam
sempre mais que
oferendas, mas só se
vive uma vez
e se não estivermos
cá para saborear
de que serve andar
e viver entre os
outros?
As mãos pequenas
fortes seguram,
acolhem, esmagam
recolhem e libertam
Vive ...
Pepedrópo
A fadiga que sentimos
não é do trabalho acumulado,
mas de um quotidiano
feito de rotina e de vazio.
O que mais cansa não é
trabalhar muito.
O que mais cansa é viver
pouco.
O que realmente cansa é
viver sem sonhos.
Mia Couto
Que o jovem que fui
Nunca me abandone, no presente
E na velhice.
Saberá o corpo fintar as agruras
Da longevidade?
Dos maus tratos do passado
Ninguém pode dizer que está
Livre ...
Sendo que a maior liberdade é
Continuar a rir tendo prazer
Nas pequenas coisas
Que completam um balde,
De misturas e experiências.
Ser livre é gozar o vento na cara
O sol na praia, a chuva nas
Culturas
O amor no
Coração ...
Pepedrópo
2023
Leva o teu tempo
como o rei das marés em cada sete
ou mudança eleva a tua existência,
só assim merece a pena gastar tinta
na tela ...
Estica bem o pano pois depois de secar
o tempo passar o que era deixará de ser,
e o que foi em tempos coisa fresca,
passará a ser pasta elegante, mas
estática, até alguém num rasgo
pouco inspirado pintar por cima
ou rasgar obra já feita ...
E depois ?
Logo verás de que obras te deves
alimentar, ou simplesmente cagar,
retretes há muitas
O Artista ...
Pepedrópo
Por volta das dezoito horas do dia
30 de Novembro de 1939,
três agentes da PSP concretizam a detenção
de Miguel Torga, no consultório que correspondia
a residência do autor, em Leiria, apreendendo de imediato um
exemplar do livro " O Quarto Dia " .
Após dar início à instrução do processo crime,
foi remetido para Lisboa para ser interrogado
pela Polícia Política
ITERROGATÓRIO:
- És então escritor ?
Sou
- E poeta também, pelos vistos ...
Também
- Um tipo formidável ! Medico, escritor, poeta ...
vais longe !
Hei de ir até onde puder.
- Muito me contas ! E queres fazer então a
revolução social ?
Quero que me deixe em paz .
- Deixo, mas antes vais responder a umas perguntazinhas ...
Não tenho nada a acrescentar às declarações que já fiz .
- Tens ora pensa lá bem ...
ouve eu podia pôr-te a falar como um papagaio,
era só dar-te uma corda, mas não vale a pena.
Temos muito tempo, fica para mais tarde, verás que daqui a alguns dias
mudas de ideias.
Não mudo não.
- Mudas, mudas ...
Durante o período em que esteve detido
Torga forjou alguns dos seus mais célebres
poemas de resistência, " Canção " " Claridade ".
A obra que motivou a detenção do escritor apenas voltaria a
ser editada em 1971, " O Quarto Dia " esteve impedido
de circular em Portugal 32 anos, e a relação de Miguel
Torga com máquina repressiva foi sempre tensa.
Jornal de Letras
JL
# Para quem teima em esquecer, Liberdade sempre ...
Pepedrópo
Primeira obra do escritor
e começo por este ponto porque, está tão brilhante,
que fácil é duvidar de que da primeira obra se trata.
Este contentor está repleto de sumo, importante para
melhor respirar, viver, recordar, aconselho a todos os amantes
de leituras a ler o primeiro filho literário de Fernando Fialho.
A história, a mim, levou-me à terra onde nasci, Angola,
mais propriamente à sua capital, onde abri os olhos pela
primeira vez, Luanda.
Senti de novo os cheiros, a azáfama, que é o trânsito na cidade,
a genuína boa gente da terra, os esquemas, os novos escravos,
de todo e qualquer negócio.
Brilhante, li devagar para melhor mastigar as palavras, as imagens,
os enredos, fui de forma duplamente satisfatória, uma vez que o
Fernando Fialho, é meu amigo, Nando para os amigos, lendo maravilhado
e com um sorriso de orgulho de quem lê obra de um amigo com vaidade ( é meu
amigo ).
As palavras que de forma sempre insuficientes que aqui deixo,
são somente de mérito do escritor, e assim é que gosto, tento sempre dizer
a verdade aos amigos, parabéns
Nando.
Aguardo pela próxima obra com muita espectativa,
PARÁBENS
Aqui espero vejo, entre sorrisos e óculos
De sol e de ver, e quem vê?
De verdade, o movimento a alegria,
Quem corrige a tristeza? De não ser invisual e nada ler ...
Nas caras, nos gestos, nas carícias ou falta delas,
Nas tattoos ou penteados ou cores de cabelo
Natural ou pintado o importante é não parecer peruca, um novelo
Cores impossíveis do natural pelo, pouco importa nesta cultura Chan, de novelas ...
Histórias cada vez mais cansadas, sem o novo,
O brilho de outros tempos espontâneos
Ricos em recriar a vida, as vidas, crânios
A trabalhar para nos emocionar, alegrar o povo ...
E apanhado foi o povo nesta teia
De actores e vidas a fingir
Modelos a tentar representar a ultima ceia
E será falso dizer bravo, é estar a mentir ...
Pepedrópo
2023
A diferença, está sempre na atitude.
Ser único de forma espontânea, é ser
estrela sem sentir o brilho, sem pesar
o peso de ser.
Porque já o é, uma vénia à diferença
que segura a espada
dos olhares críticos com mestria
e delicadeza.
Andar ou mesmo correr não é difícil,
complicado é ser constante,
na coerência, de se ser,
quando se é sem palco,
palmas ou luzes ...
Um campeão ...
Pepedrópo
2023