domingo, 19 de outubro de 2014

EMBONDEIRO URBANO



A espera é longa, multiplicam-se as horas
e de uma previsão simples nasce uma preocupação
resta saber a causa, como irá terminar
qual a receita adequada ...

Mas em simultâneo vive-se o " CIRCO "
patético, constitucional, verdadeiros palhaços
sem pinturas, nem sapatos gigantes
com a agravante, não têm graça, nem um pingo de graça ...

Na sala vazia, a TV aos altos berros insiste
e o ser insiste no quadrado em não ouvir
ruído, sons  que ninguém pediu
mas ecoam com o auxilio do volume ...

Analistas, trapezistas, gravatas e homens,
outrora com dom da palavra, hoje
e provavelmente amanhã sem importância
tal como a TV na sala vazia, morta de relevância ...

E faz -se uma pausa, toca a sirene
hora de intervalo, todos correm
para o mesmo local, lutando pelas mesmas
pratas, lugares, focos, com muito pouco pouco para dizer ...

Já chega, já são linhas a mais
para dizer o que todos vêm, mas não querem ver
é pena, mas a mudança exige
uma accção em massa, na mesma direção ...

O mundo, ou os nossos dias podiam ser;
Ser ; Mais harmoniosos , mas só a guerra
impulsiona mudança, rápida, urgente
na tentativa de venerar a dádiva o conhecimento ...

Mas é difícil discutir desconhecendo o respeito
assim como é difícil lutar sem estratégia,
treino, o teatro real não vive só,
só de monólogos, de diálogos, iluminam-se os discursos ...

Cabe a todos o direito e o dever
de querer, saber, ler, escrever
navegar, evoluir com o conhecimento
extraindo dessa relação a mutua aprendisagem ...

Aquilo que corre nas nossas veias
são rios, mares, histórias
a pele o seu diário, o corpo em geral
o seu cofre, sem chave especial, aberto ...

Que por vezes vagueia desimulado
mascarado, disfarçado de tudo, menos
de si próprio, mas detetado, mais não seja
no dia do juízo final ...

E todos temos contas, praso, dias
arrumações, agrupamentos, em que
se elege o que fica no topo e na base
da massa, de todos, piramide, a casa ...

A casa é tudo menos matéria morta
pedra, cimento, vidro, fibras
antes sim, memória, valores, família
laços, momentos que viajam sempre com o individuo ...

A esperança nunca será um condomínio fechado,
ou conta bancária em paraíso fiscal
muito menos um jogo de sorte,
pulverizando azar, à esperança ...

Será vontade de mudança, eterna sensação
de desconforto, com a comodidade, egoista,
ou o seu irmão gemeo, o consumo desenfreado
espírito de bombeiro voluntário cercado pelas chamas ...

Raptos de desabafos, mensagens perdidas
infinitas marcações, toques, somos aquilo
que sentimos, e fazemos, transformamos
em término somos um " universo " a descobrir ...

Pepedrópo