E sem pré aviso, para os mais distraídos,
o Mundo recebe o Covid 19, e ao contrário
do que muitos apregoam, não foi o mundo que mudou ,
mas sim nós, os nossos hábitos, culturas, tiques,
rituais, prazeres, trabalhos, afectos ...
Como sempre tentei estar informado, mas ciente, que
toda e mais alguma informação seria, pensada , para controlar,
apoiar, medidas, e alguns absurdos , primeiro alertados,
depois impostos ...
E como sou assim, como sou, nem mais nem menos, mas
sou como sou, optei pela mesma postura de sempre, não
quero pertencer a um rebanho, teleguiado, e muito menos
gosto de imposições, de qualquer espécie , sempre gostei
de ter liberdade e de a usar para escolher, umas vezes bem outras nem por isso,
mas escolha minha, logo fardo meu ...
Nunca usei farda, minto usei bibe , no infantário, mas nessa altura,
as minhas escolhas, eram as dos meus progenitores, não fui à tropa,
e criei uma pequena revolução, de porrada, no dia que fui dar o nome,
para me alistar, pois um cabo raso quis mostrar disciplina militar, a um jovem
que a única disciplina que sempre respeitou foi a do respeito pelo
próximo, agrediu-me nas costas com uma palmada, porque estava de costas , para
fila de centenas de outros como eu a falar com amigos, sem prévia combina
no local, para o mesmo, dar nome para a tropa, pois bem o cabo temeu
pela resposta do Baixinho, pois em cora os amigos e os amigos de outros
gritavam rebenta com ele , teria feito, se não fosse impedido pela
polícia militar ...
Tanta conversa para dizer, imposto, ou por obrigação, dificilmente
cedo a sorrir.
Ao longo da minha vida foi sempre assim, e pela mesma razão
após chegada do covid 19, enquanto pude , tomei eu as minhas medidas
de segurança.
Felizmente consegui estar sempre a trabalhar, no meu principal ganha
pão, mas tudo o que me move de alegria, amor, prazer, outras profissões
que tenho, infelizmente mal remuneradas, foram perdendo o brilho,
e se antes já eram mal pagas, passaram a nem ser consideradas ,
A ARTE parou ...
Mas continuei , UM DIA DE CADA VEZ, afastei-me dos
patetas que primeiro gritaram vamos para casa, e depois já em
casa, voltaram a gritar mas em casa recebo menos, ou nem recebo,
como vivo? temos de voltar ...
Gostei das redes sociais, inicialmente, pois com palavras bonitas
partilhavam esperança " Agora temos que dar importância ao
que mais importa, a nossa família, e amigos ..." , mas rapidamente
as partilhas ficaram inundadas por futilidades, e coisas tão pouco
importantes como, o que fazem as pessoas em casa, quando são
obrigadas, e mais uma vez a imposição fez-me cortar com essa
nova realidade, que para muitos era estar mais próximo dos outros,
para mim era só mais um de-comentário de como estavam todos
afastados, sem escolha ...
por motivos de saúde publica ? será ?
Cortei, com essa merda, Continuei um dia de cada vez, navegando
pouco, para estar e manter-me atento, mas sem correr a ir
comprar tudo e mais alguma coisa, e principalmente papel
higiénico.
Sem palavras .
Por todos os países, o cenário parecia espelho da desgraça,
as noticias, principalmente actualizavam os mortos, e o
Terror foi chegando, e o tempo passando.
Encerrar tudo, escolas, escritórios, igrejas, estádios, tudo.
Mais medidas , mais medidas , IMPOSTAS ...
Continuei a ir com as minhas, medidas, receios, e protecções,
um dia de cada vez, até que de aviso passa a lei,
TUDO DE MASCARA se não, não entra, nos locais que sempre
se mantiveram abertos, Lojas de venda de bens de primeira necessidade,
e este golpe afectou-me, muito, muito, mais do que eu imaginava que iria
me afectar, e mais uma vez sem perguntarem a ninguém,
IMPOSTO.
Sem sorrir aceitei, mas nem reconheço ninguém na rua, somos
todos cardume, de boca e nariz tapado, para o bem da saúde
será?
Ridículo fazer desporto com mascara, andar de carro sozinho,
na rua sem ninguém próximo de mascara.
Mais uma vez afastei-me dessas práticas, fui vivendo,
mas triste, cada vez mais triste, por não beijar a minha Mãe o meu
Pai, irmãs com medo de os perder, não estar entre amigos , pelo
mesmo motivo, ver os avós à janela a dizer adeus aos netos, no
meu caso mesmo revoltado, sempre com medo de magoar, matar
pessoas que amo, que bela merda de cenário ...
A tristeza foi aumentando, as mortes também, muitas delas poucos
falam, amigos, conhecidos, colegas de profissão, invocarem ,
HARAKIRI, por desespero de melhor futuro, rebentou comigo,
e quando se rebenta é sangue por todo o lado, ninguém saí
ileso , não sou diferente.
Na merda fiquei eu, e quando se nada na merda, poucos são
os que mergulham para ajudar, pelo cheiro, pelo medo do
contagio, pela distancia, até pelo o desconhecimento deste
mau estar, de não poder, ou conseguir estar feliz, bela
merda ...
Mas existe sempre luz, e essa luz nasce de um pequeno
lugar, transportada por poucos, mas bons, do interior debilitado,
mas combatente, e se escrevo hoje, é como forma de agradecimento,
mas também de protesto, homenagem, grato pelos poucos
nadadores salvadores, protesto e aviso de que te vou destruir
COVID 19, e um até já a todos os que já partiram
e irão partir sem a respectiva decente despedida ...
Quero continuar UM DIA DE CADA VEZ
de preferência feliz ...
Pepedrópo
