sábado, 15 de outubro de 2016

MUITO BEM DITO ...


Primeiro, escolhemos a música. Porque nos faz mexer o corpo e sacudir a alma, porque fomos a um concerto que nos deixa de boca aberta, porque ser músico é ser fixe e ser fixe é muito importante em idades pueris ( e não só ), ou então porque sim, porque nos apetece.
Depois, passados os níveis de tortura inicial que implicam longas horas a martelar notas que grasnam em vez de soar, quando estamos a pensar que nunca iremos sair do pântano lamacento dos bem intencionados, mas mal- calhados, eis que um dia sentamo-nos, estendemos os dedos ou abrimos a boca, consoante o instrumento de eleição, e aquelas notas que até ai nos foram emprestadas saem como se tivessem sido inventadas por nós, naquele preciso segundo. E nós, músicos esforçados que suaram para ganhar a distinta honra de poder fazer da musica a sua forma de expressão, percebemos que, finalmente, aquilo para que trabalhámos aconteceu: A música escolheu-nos.
Há claro, os outros, os que saltam este pro forma e que não têm hipótese de escolha, porque já nasceram escolhidos. O dom veio-lhes de berço, como um título nobiliárquico.
E foi assim que nasceu Filipe Melo, em berço de tercinas ...


Ana Bacalhau
 em JL

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