Começo por dizer que tive muita sorte, tenho um vizinho e sua
rspectiva esposa que são uma maravilha, uma joia, excelentes
pessoas, simples mas com uma humanidade, infelizmente
nos dias de hoje raras.
Augusto é um idoso, de avançada idade casado com Elvira também
sábia na idade, este meu querido vizinho que amo de morte, e defendo
até ao fim do mundo, porque é meu amigo, e como tal não existe mal que o
possa atingir sem me atingir a mim, seu vizinho, primeiro, só por sermos
vizinhos e amigos.
Este meu grande amigo, vive no rés do chão, e eu no primeiro andar, ambos
somos da fracção Esquerdo, e partilhamos afinidades com a esquerda a nível
de politica, mas sem sermos fervorosos apoiantes ou militantes, eu falo por
mim não me revejo na actualidade com a realidade de nenhum partido.
Nós os dois somos parecidos numa particularidade, gostamos de cantar dentro e fora
de casa sem vergonha, sem pudor, tentando não incomodar ninguém, mas com a
segurança de um bom cantor, sem palco, ou plateia, cantamos porque nos sabe bem,
porque somos felizes, e gostamos de ver a felicidade, estampada nos rostos alheios.
Graças ao meu querido vizinho sei alguns cantares alentejanos, e existe um código
entre nós, um cantar que é meio da autoria de AUGUSTO CESÁRIO, que adoro dizer
e vislumbrar o sorriso do meu vizinho, que vai mais ou menos assim:
Quem canta seu mal espanta,
Quem chora seu mal aumenta,
Eu canto para disfarçar
A paixão que me atormenta …
Tive uma fase da minha vida,
Em que não comia mais,
Porque não tinha,
Hoje, felizmente, não como mais,
para manter a linha ...
Minha mãe foi pobrezinha,
Não teve para me dar,
Dava-me beijos às vezes,
Depois punha-se a chorar ...
Minha mãe que bem dançava,
Meu pai era bom cantor,
Eu as duas coisas faço,
Mas não com tanto primor ...
Eu apenas digo as duas primeiras estrofes deste lindo poema,
e sei que vou ter como resposta, um sorriso verdadeiro, é para
isto que vivo, que respiro, que me alimento e me concretizo,
o resto pode esperar, já deixou de ter importância.
Pepedrópo
Um comentário:
Aos vizinhos do antigamente que cada vez são mais raros. Tu és diferente, e por isso o teu vizinho também ele antigo tem a sorte de ter um vizinho com os do antigamente
Grande abraço bom amigo!!
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