Por volta das dezoito horas do dia
30 de Novembro de 1939,
três agentes da PSP concretizam a detenção
de Miguel Torga, no consultório que correspondia
a residência do autor, em Leiria, apreendendo de imediato um
exemplar do livro " O Quarto Dia " .
Após dar início à instrução do processo crime,
foi remetido para Lisboa para ser interrogado
pela Polícia Política
ITERROGATÓRIO:
- És então escritor ?
Sou
- E poeta também, pelos vistos ...
Também
- Um tipo formidável ! Medico, escritor, poeta ...
vais longe !
Hei de ir até onde puder.
- Muito me contas ! E queres fazer então a
revolução social ?
Quero que me deixe em paz .
- Deixo, mas antes vais responder a umas perguntazinhas ...
Não tenho nada a acrescentar às declarações que já fiz .
- Tens ora pensa lá bem ...
ouve eu podia pôr-te a falar como um papagaio,
era só dar-te uma corda, mas não vale a pena.
Temos muito tempo, fica para mais tarde, verás que daqui a alguns dias
mudas de ideias.
Não mudo não.
- Mudas, mudas ...
Durante o período em que esteve detido
Torga forjou alguns dos seus mais célebres
poemas de resistência, " Canção " " Claridade ".
A obra que motivou a detenção do escritor apenas voltaria a
ser editada em 1971, " O Quarto Dia " esteve impedido
de circular em Portugal 32 anos, e a relação de Miguel
Torga com máquina repressiva foi sempre tensa.
Jornal de Letras
JL
# Para quem teima em esquecer, Liberdade sempre ...
Pepedrópo
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